Godzilla vs. Kong oferece exatamente o que o título promete. O quarto filme do “Monsterverse”, produzido pela Warner Bros. E Legendary, que começou com Godzilla em 2014 e Kong: Skull Island de 2017, coloca os dois monstros gigantes um contra o outro pela primeira vez desde a produção japonesa de 1962.
Dirigido por Adam Wingard a partir de um roteiro de Eric Pearson e Max Borenstein, Godzilla vs. Kong não só faz jus à promessa de quebrar ossos e prédios de seu título, mas também reúne vários tópicos apresentados ao longo do os três capítulos do ‘Universo de Monstros’ até agora.
Tirando sabiamente alguns personagens de Godzilla: King of the Monsters de 2019, o mais recente ataque de monstros se concentra em uma missão aparentemente simples: Encontrar um novo lar para Kong, porque não pode haver dois titãs vivendo na superfície da Terra. O lendário Mundo Escondido é a resposta, trazendo cientistas interpretados por Alexander Skarsgard e Rebecca Hall juntos para escoltar Kong até a entrada do reino mítico. E tem também a órfã surda interpretada adoravelmente por Kaylee Hottle, que consegue se comunicar com o gorila gigante.
Enquanto o lado do time Kong humaniza e fortalece a narrativa, os personagens do time Godzilla não tem nada útil para fazer. Exceto por Brian Tyree Henry, um Podcaster investigativo que denuncia a companhia Apex Cybernetics, que está relacionada com a agitação de Godzilla no Pacífico, os demais humanos são supérfluos. Millie Bobby Brown, do filme anterior e seu colega Julian Dennison mal fazem nada além reagir à briga colossal ocorrendo sobre suas cabeças.
Godzilla vs. Kong é particularmente profundo ou introspectivo? Não. Precisa ser? Também não. Evitando uma abordagem satírica de “Kong: Ilha da Caveira” ou o estilo lento do Godzilla de 2014, esta é uma matinê de sábado à tarde enfeitada com efeitos elaborados. E ficou ainda melhor por abraçar isso de todo o coração. As sequências de ação estão espetaculares, bem enquadradas por uma fotografia com luzes de néon semelhantes a ‘Tron’ e turbinada por uma trilha sonora eletrônica pulsante.
No final, é tudo sobre as batalhas, e o filme de Wingard oferece as melhores da franquia. As aparições de Godzilla são incrivelmente ameaçadoras e trabalham para aumentar a tensão ancestral entre ele e King Kong. As cenas de confronto são fantásticas, com cada titã realmente dando tudo de si ao se defenderem e, Wingard encontra novas perspectivas para mostrar a enormidade dos dois gigantes – remetendo ao melhor estilo Tokusatuso.
Godzilla vs. Kong sabe exatamente o que quer ser e investe cada minuto de suas duas horas para cumprir essa promessa. De forma bastante compreensível, os humanos são ofuscados por suas enormes co-estrelas, mas é uma gloriosa carta de amor às histórias coletivas desses personagens icônicos e, esperançosamente, um ponto de partida para mais histórias ambientadas neste universo. Só espero que não demore mais meio século até que esses titãs voltem a ficar juntos em tela.
Por Luís Vinícius Melione