Taylor Sheridan é um contador de histórias interessante. Alguns de seus melhores filmes como ‘A Qualquer Custo’ (que ele escreveu) e ‘Terra Selvagem’ (que ele escreveu e dirigiu) tentam lidar com as consequências da grande recessão e como a América abandonou as reservas dos índios americanos, respectivamente.
No entanto, seu último filme, ‘Aqueles Que Me Desejam a Morte’, não se concentra em nenhum tema sociopolítico e nem se preocupa com qualquer mensagem mais profunda além de uma história de redenção. Nesta obra, Sheridan e os co-escritores Charles Leavitt e Michael Koryta (o autor do romance no qual o filme foi baseado) tentam embalar as emoções de um blockbuster em um escopo íntimo.
Hannah (Angelina Jolie) é uma bombeira e paraquedista que trabalha no combate de incêndios em florestas. Ela sofre um trauma numa missão em que perdeu um colega e viu três crianças serem consumidas pelo fogo. Hannah se entrega ao álcool e é relegada ao serviço solitário numa torre de vigilância meio à floresta. Mas o que deveria ser um trabalho pacífico se torna uma caçada sombria quando ela cruza com Connor (Finn Little), um adolescente fugindo dos assassinos Jack (Aidan Gillen) e Patrick (Nicholas Hoult). Os criminosos acreditam que Connor pode saber Informações muito danosas para algumas ‘pessoas poderosas’. Enquanto Hannah luta para proteger o jovem Connor, os dois assassinos começam uma grande queimada para fornecer uma distração enquanto caçam suas presas.
Os espectadores podem ficar mais encantados com a ação robusta – Jolie faz algumas grandes acrobacias enquanto é atingida por iluminações vibrantes. Existem vários momentos de ação eficazes, a melhor mostrando a maneira aterrorizante como os incêndios ocorrem e ganham velocidade rápido, especialmente em encostas de terra. Pena que Sheridan desperdiça a premissa intrigante dos bombeiros paraquedistas (smokejumpers). Fora o início do filme, em que imagens fraturadas de bombeiros mergulhando no ar piscam na tela, a única outra cena de paraquedistas acontece nos minutos finas. Havia espaço para explorar mais o universo desses socorristas, mas não aprendemos nada sobre eles ou seus métodos.
Não há muito mais no filme do que os bandidos caçando os mocinhos, mas aqui o histórico de Sheridan é útil para a narrativa, pois ele está disposto a levar suas histórias a lugares incrivelmente sombrios – deixando você tenso para saber como ele pode lidar com esses personagens. O ritmo é cuidadoso junto com uma trilha sonora competente, criando um suspense crescente junto às enormes e assustadoras chamas de incêndio. Não é um filme profundo, mas é interessante ver a forma como Sheridan constrói uma trama que faz colocar nossa lealdade nos personagens cativantes, em vez de depender somente de tiroteios e sequências de ação.
Houve um período muito interessante do início até meados dos anos 2000, quando Angelina Jolie alternou entre dramas sérios e filmes de ação, atraindo um maior público e dominando os gêneros da indústria hollywoodana de uma maneira que poucas atrizes conseguiram. O poder estelar de Jolie é uma força da natureza, que ela pode usar com grande efeito e, por isso é sempre interessante ver os projetos para os quais ela empresta seu talento. Já se passaram alguns anos desde que Jolie fez um filme de ação, e ela carrega o centro de ‘Aqueles que me desejam a morte’. Infelizmente, é um filme sem um centro real.
Por Luís Vinícius Melione