Uma aventura animada e inofensiva que proporcionará uma diversão suave para os jovens espectadores.
Quase duas décadas depois de “Spirit: o Corcel Indomável” e seu mustang amarelo de mesmo nome entrarem em cena, “Spirit: o Indomável” – um spinoff alegre dirigido por Elaine Bogan e Ennio Torresan – chegou aos cinemas. Embora ambos sejam da DreamWorks Animation, a reinicialização tem pouco em comum com o original de 2002, que se apegava aos visuais desenhados à mão em uma época em que a animação computadorizada pseudo-realista de “Shrek”, também da DreamWorks, e filmes da Pixar como “Monstros S.A ” começou a assumir. Para o bem ou para o mal, este novo ‘Spirit’ tem uma abordagem diferente e moderna.
No centro do filme está Lucky Prescott, uma garota que é enviada para passar o verão com seu pai distante na cidade fronteiriça de Miradero. Lucky é instantaneamente atraída por um cavalo que ela chama de Spirit. Nossa protagonista ao estilo American Girl se esforça para ganhar a confiança do cavalo, simultaneamente entrando em contato com suas raízes mexicanas e desafiando seu pai, que permanece marcado pela morte da esposa num acidente a cavalo. Quando bandidos brutamontes roubam membros do rebanho de Spirit, nossa heroína é acompanhada por duas intrépidas amigas (Abigail e Pru) em uma perigosa missão de resgate cheia de obstáculos pelo interior.
Os momentos mais fortes do filme centralizam nos laços que unem Lucky, Abigail e Pru – que possuem um senso de humor revigorante, raciocínio rápido e tenacidade – e levantam questões interessantes sobre o amor platônico, integridade e respeito. O relacionamento tenso de Lucky com seu pai também adiciona uma camada bem-vinda de profundidade. Mas, enquanto os humanos no filme estão cheios de energia, o mustang selvagem parece vazio nesta reformulação. Embora ele ainda se recuse a ser domesticado, Spirit é mais unidimensional aqui. O comentário mais amplo do filme original sobre sua natureza, particularmente a necessidade de respeitá-lo e preservá-lo, é acenado, mas não recebe a mesma quantidade de tempo ou importância.
O desenhista de produção Paul Duncan se destaca com cenários deslumbrantes e enquadramentos rebuscados. Os seguimentos que acontecem em espaços abertos e desfiladeiros funcionam muito bem, casando de forma agradável com a identidade de um Western. Da mesma forma, um momento aqui ou ali com a luz do sol matinal entrando em uma janela, por exemplo, tem um apelo suave e vistoso. Mas a animação em sua maior parte é saltitante e simplista, particularmente no design dos personagens.
Com uma trilha sonora que presta homenagens à Ennio Morricone, o novo longa do garanhão amarelado é uma aventura branda, colorida e divertida pelo Velho Oeste. Em vez de um melodrama pesado sobre um cavalo e seu camarada nativo americano, “Spirit Untamed” é inocentemente voltado para o público infantil. O filme usa personagens racialmente diversificadas da série da Netflix “Spirit Riding Free”, que estreou em 2017 e reintroduziu a franquia, para entregar um conto de amadurecimento com uma forte dose de ‘Girl Power’.
Por Luís Vinícius Melione