O Anime Friends está de volta com a importante missão de devolver ao nerd os grandes eventos presenciais.
O tradicional evento de cultura pop japonesa de São Paulo chega em sua 18ª edição, a terceira sob a tutela da organizadora Maru Division (copiei e colei essa head da última edição… ficou bom vai…)
Vou aqui me repetir para poder falar o básico do Anime Friends para quem não o conhece…
Realizado no Pavilhão Anhembi durante um final de semana, o evento é uma ode à cultura japonesa sem deixar de lado as nerdices do mundo ocidental.
Neste ano pensei em redigir esta matéria de algumas formas diferentes:
Pensei em falar da importância do retorno de um evento deste tipo em caráter presencial, afinal o Anime Friends foi um dos primeiros eventos deste porte a voltar ao presencial. O público respoderia? Seria um fracasso? Um sucesso?
Pensei em falar de como seria o reencontro do nerd com seu semelhante após dois longos anos de hiato, já que o nerd como conhecemos é, em sua maioria, introvertido, calado, pouco festeiro. Teríamos a volta das clássicas plaquinhas de “Abraço Grátis” pós pandemia? E os “trenzinhos” cortando as galerias do evento? É muito contato físico para quem passou dois anos trancafiado em casa. E quanto às máscaras? Seriam maioria? Minoria? Seriam encorajadas ou desencorajadas? Respeitadas ou repudiadas?
Pensei também em focar nos convidados e nos shows, como o retorno do Takumi Tsutsui, o incrível nínja Jiraiya, a presença do não menos incrível Hiroshi Watari, que foi Sharivan e Spielvan. Monstros da dublagem como Wendel Bezerra, Guilherme Briggs, Christiano Torreão, Marco Ribeiro, Miriam Ficher, Carol Valença e vários outros. Nas bandas vimos a Danger 3 com Rodrigo Rossi, Larissa Tassi e Ricardo Cruz, totais lendas do mundo das musicas de anime, I Don’t Like Mondays que comandam a trilha do One Piece dessa temporada, MHRap e Sidney Scaccio que lotaram o palco principal com Rap de anime, uma coisa que eu não conseguia acreditar que existia e menos ainda no quanto a galera curte isso, também teve a turma do YUYU20 com Luigi Carneiro, Carla Castro e Hans Zeh com a companhia da originalíssima Matsuko Mawatari para cantar temas de Yu Yu Hakusho no que foi a última apresentação ao vivo de sua carreira.
Pensei em tudo isso… Mas quando pisei no evento, tantos sentimentos vieram a tona que percebi que um detalhe fazia do AF um evento diferente e este sim deveria ser o tema central. Então lá vai…
Você, paulista (e principalmente o paulistano), sabe que há uma grande diferença entre atrações e eventos que são interessantes para um turista e para um residente, não sabe? vou dar uns exemplos…
A Avenida Paulista é sensacional para um turista, para o paulista é um lugar de trabalho e respeito, além de um rolêzinho aos fins de semana… Paulista gosta mesmo é de passear na 25 de Março, na Santa Ifigênia…
O MASP e o MAM são incríveis, mas só o paulista sabe o quão gostoso é dar uma volta no MIS…
O Morumbi, Allianz Parque e Neo Quimica Arena, e até o quase extinto Pacaembu e seu Museu do Futebol são monumentos do futebol mundial, mas Paulista sabe que não há nada como ver um jogo na Rua Javari.
E é exatamente isso que é o Anime Friends… Afinal, você indicaria um turista ir à uma CCXP ou à um Anime Friends?
E tem mais… Durante o sábado (dia 9), principal dia do evento, em menos de 5km de distância, a Zona Norte da cidade de São Paulo tinha 3 eventos acontecendo ao mesmo tempo: A Marcha Para Jesus, a Bienal do Livro e o Anime Friends…
Se você é um turista, certamente ja ouviu falar dos dois primeiros, eu mesmo certametne lhe indicaria conhecer qualquer um destes dois, são eventos incríveis… Mas se você é paulista, paulistano, daqueles que conhece essa cidade de cabo a rabo, a minha indicação e, provavelmente, o lugar que você mais se divertiria neste sábado, seria o Anime Friends… Longe de ser um evento tão populoso e religioso quanto a Marcha, longe de ser tão importante e cultural quanto a Bienal, mas é aquele tipo de evento pra quem já está careca de saber como é uma Marcha e uma Bienal e curtir as coisas mais simples de ser um paulistano como pegar fila para comer um Dog com milho e ervilha.
E o mais legal de tudo é que a Secretaria de Turismo da Cidade de São Paulo parece ter percebido a mesmíssima coisa e, em parceria com a Maru Division, ofereceu grátis (sim, no velho “0800”) a entrada para o evento na sexta-feira (dia 08).
Agora, só para não te deixar sem respostas das coisas que disse la em cima:
Sim, foi F@#$ voltar a um evento presencial. Dá um medinho, um frio na espinha… mas no fundo você sabe que aquele lugar e aquelas pessoas são tão sua casa e sua família quanto sua própria casa e sua própria família. E o público do Domingo foi um dos maiores que já vi na história do Anime Friends, um SUCESSO.
Sim, teve “Abraço Grátis” e “Trenzinho”, teve Cosplay, teve aquela galera do Baseball e é claro, teve o estande do Tokusatsu. Tudo como um clássico Anime Friends. As máscaras eram minoria, mas num local cheio de gente vestida de Sakura, Goku, Naruto e Jaspion estar mascarado era como fazer parte dos cosplayers
Sim, as atrações foram super legais, mas deram a impressão de que poderiam ser mais… Não por conta dos convidados em sí, mas pela interação… Tudo claramente foi afetado pela Covid19. O trunfo da AF foi sempre colocar seus convidados próximos do público, deixando-os passear pelos estandes e trocar palavras com qualquer um do evento, esteja ele pagando por um meet & greet ou não… neste ano, todos eles pareciam distantes e isolados… Certamente será melhor no ano que vem…
O AF é com certeza o evento que mais gosto, pela simplicidade que foi em sua época de Yamato nos corredores do Mart Center ou nos galpões do Campo de Marte e pelo seu profissionalismo quase ingênuo nessa nova era Maru Division no Anhembi. O Anime Friends poderia ser gigante, poderia ser a CCXP dos imigrantes japoneses e dos simpatizantes dessa cultura mas acerta em ser, ano após ano, simples, regional, acolhedor e, acima de tudo, ligado às suas próprias origens.
O Anime Friends agora visita o Rio de Janeiro nos dias 16 e 17 na Expo Mag com ingressos ainda disponíveis e tenho certeza que será exatamente como é aqui… talvez só sem milho e ervilha…