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Review – Mulher Maravilha 1984

Nenhum verdadeiro herói nasce da mentira!

A estreia autônoma de Patty Jenkins com ‘Mulher Maravilha’ em 2017 surgiu na hora certa, sacudindo o universo cinematográfico de super-heróis dominado por homens, revigorando a paisagem do gênero com luta pela paz, amor e igualdade.

É o tipo de filme que faz você desejar uma sequência que se baseie em seus pontos fortes e evite repetir alguns erros do passado – e Mulher Maravilha 1984 satisfaz exatamente esses desejos. Este segundo capítulo colorido e sincero da história de Diana Prince (Gal Gadot) leva os holofotes como o filme moderno mais agradável da DC Comics – remetendo aos super-heróis da Era de Ouro dos quadrinhos (de 1938 até meados dos anos 1950).

‘Wonder Woman 1984’ abraça a década de roupas extravagantes e grandes ambições. Diana está morando em segredo em Washington, D.C. e quando não está por aí salvando pessoas, ela trabalha como curadora de um museu e levando uma vida solitária. Diana começa uma amizade com uma colega historiadora Barbara Minerva (Kristen Wiig), uma mulher tímida e desajeitada que ninguém parece notar. Ambas entram em contato com uma pedra misteriosa, que está sendo rastreada pelo petroleiro Max Lord (Pedro Pascal).

O desempenho emocional de Gadot cimenta WW84 como o filme da Mulher Maravilha por excelência. O amor e a compaixão são sua força motriz, além da moralidade e do dever que vimos em personagens como Clark Kent e Steve Rogers. WW84 tem o cuidado de aplicar humanidade semelhante em quase todos os temas abordados – a transformação de Kristen Wiig na clássica arqui-inimiga Cheetah acontece através de um olhar focado na misoginia e o abuso diário sofrido pelas mulheres.

Da mesma forma, o Senhor Maxwell de Pedro Pascal é um homem atormentado pela sombra imponente das demandas masculinas clássicas – ele deve ser bem-sucedido, rico, poderoso e tudo à custa de suas responsabilidades como pai. Há tons de Lex Luthor de Superman 2 (1980) aqui, que cristalizam ainda mais a nostalgia de um tipo mais clássico de narrativa. Não tão bem servido é o retorno de Steve Trevor de Chris Pine – embora muito divertido e carismático, seu papel funciona como dispositivo de enredo fofo que existe apenas para o crescimento da protagonista.

A equipe de coreografia que trabalha com Gadot entende como aplicar uma linguagem física a todos os movimentos, garantindo que cada deslizamento, chicote e golpe sejam totalmente únicos para a personagem. Muitos momentos das sequências de ação podem ser congelados e transformados em uma capa de quadrinhos perfeita, graças à clareza e cor fornecidas pela iluminação diurna e ângulos claros escolhidos pelo diretor de fotografia Matthew Jensen. Também vale destacar a trilha sonora de Hans Zimmer, que assume uma vibração animada e empolgante ao melhor estilo John Williams.

Mulher Maravilha 1984 é um filme divertido, grandioso e significativo, que chega aos cinemas no final de 2020 – um ano devastado pela pandemia e verdadeiramente esgotante. É difícil saber exatamente como a obra de Jenkins teria funcionado se tivesse sido lançado meses atrás como pretendido. Agora, conforme a vacina é lançada, parece uma enorme exalação – uma promessa de que dias melhores estão por vir e que a luz triunfará sobre as trevas.

Por: Luis Vinicius Melione

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